Um funcionário direito do rei, aquele único que podia critica-lo sem possíveis represálias, tinha a função simples de fazer o rei e a rainha rirem. Era o único personagem de um verdadeiro espetáculo, tocava, cantava, dançava, piadas tinha na ponta da língua, era um artista, que fascinava.
Hoje vejo muitos se comportando como tais, como bobos da corte, que fazem seus espetáculos, colocam maquiagem, vestem fantasias, e se prestam ao papel de divertir ao outro a qualquer custo, a custo de deixar de ser quem é.
O bobo vive no castelo, come no castelo, vai as festas que tem no castelo, desfila pelos corredores do castelo, até uma coroa lhe é posta pela cabeça, perto do trono ele se encontra, mas no fim, ainda é um simples Bobo da corte, não é um monarca é o bobo.
Ele faz todo dia seus espetáculo, colhe aplausos, gargalhadas, comprimentos, volta aos bastidores, tira sua maquiagem e volta a sua realidade, realidade de plebeu porcamente promovido a nobre, tem a vida num castelo mas a realidade dos que não tem o sangue azul.
Ele chora, ao ver que tudo aquilo é uma farsa, um espetáculo, uma encenação que traz graça e faz de sua vida uma desgraça. Lhe trás conformo, alento, sustento, mas sem máscara quem o faz rir? Quem o faz feliz? Ainda assim dia após dia se presta a esse papel. Vai la, se maquia, encarna a própria graça, pula, saltita, encanta, e volta a desmoronar.
O que faz este homem querer a continuar essa roda viva de sofrimento? Não importa. Um dia chega um novo bobo no reino, mas engraçado, novo, com piadas frescas, roupas mais coloridas, e este se vê no esquecimento. O que fazer agora, o rei não ri mais com ele, a rainha se quer o olha, cade aqueles olhos de admiração? Se voltaram para o novo. O que lhe resta fazer? Aprender... Aprender o que a vida lhe impôs, que não dá pra sempre viver de mentiras, com máscara, um dia alguém chega e pega seu lugar, e o que fará? Se reinventar! Esta é a única opção se reinvente, mude, aprenda, surpreenda... Quem sabe isso lhe torne verdadeiramente nobre. Não um nobre qualquer mas sim um nobre com mérito.
Escrito por: Angel
